Vilson Rafael Stolf

julho 7, 2025

ANCESTRALIDADE: NOSSA RAÍZES E HISTÓRIA DE VIDA

A ancestralidade é o solo invisível onde fincamos nossas raízes. Somos frutos de uma longa linhagem de vidas que nos precederam, e que deixaram em nós marcas, dons e desafios — conscientes ou não. Honrar nossa ancestralidade é mais do que conhecer nomes em uma árvore genealógica; é reconhecer que cada gesto, pensamento e emoção[...]

A ancestralidade é o solo invisível onde fincamos nossas raízes. Somos frutos de uma longa linhagem de vidas que nos precederam, e que deixaram em nós marcas, dons e desafios — conscientes ou não. Honrar nossa ancestralidade é mais do que conhecer nomes em uma árvore genealógica; é reconhecer que cada gesto, pensamento e emoção que hoje vivemos pode carregar ecos do passado.

Heranças genéticas

As heranças genéticas são o aspecto mais visível dessa transmissão ancestral. Nossos traços físicos, predisposições a determinadas doenças, habilidades cognitivas e até tendências comportamentais têm componentes herdados. A ciência da epigenética, por exemplo, mostra que experiências emocionais vividas por nossos ancestrais — como traumas, fome, exílios — podem deixar registros biológicos que atravessam gerações, influenciando nosso corpo e nossa saúde.

Heranças emocionais

Mas há também as heranças emocionais, mais sutis e profundas. São crenças, padrões de relacionamento, medos e valores que muitas vezes não escolhemos, mas repetimos. Um avô que viveu em guerra pode deixar como legado a ansiedade crônica nos netos. Uma bisavó que silenciou sua dor pode ensinar, mesmo sem palavras, que expressar sentimentos é perigoso. Esses conteúdos são transmitidos por meio da convivência, da linguagem, do silêncio e das repetições inconscientes.

Pais que criaram seus filhos num ambiente harmonioso, sadio e feliz ou criaram os filhos num ambiente hostil, tóxico, de atritos, brigas e desavenças, os filhos herdarão os mesmos comportamentos e sentimentos emocionais.

Reforçar o que é bom e reprogramar o que é negativo

Reconhecer e reprogramar essas heranças é um caminho de libertação e amadurecimento. Quando olhamos com respeito e discernimento para o que recebemos — tanto o que nos fortalece quanto o que nos limita —, abrimos a possibilidade de transformar dor em sabedoria e repetição em escolha. A cura de um indivíduo pode significar a cura de toda uma linhagem.

Por isso, a jornada do autoconhecimento passa inevitavelmente pela escuta dos nossos antepassados. Eles vivem em nós, não como peso, mas como possibilidade. A ancestralidade é ponte, não prisão. E ao atravessá-la com consciência, podemos deixar para os que virão heranças mais leves, mais conscientes, mais amorosas.

Julho é o mês dos avós

Algumas culturas reverenciam os anciãos e reconhecem neles a sabedoria acumulada ao longo de décadas e cuja sabedoria sempre é levada em consideração para tomar decisões importantes. Ao mesmo tempo os velhinhos são assumidos e cuidados pelos filhos com muito respeito até o fim de suas vidas.

Porém, noutras culturas, lamentavelmente, os idosos são tidos como ultrapassados, ignorantes de pouca sabedoria, vistos e tratados como um estorvo e, esses jovens do passado têm na sua velhice os piores dias de suas vidas, embora tenham dedicado sua vida no cuidar dos filhos e, às vezes, até dos netos.

Como você trata seus velhinhos? Lembre-se, um dia você será um avô(ó) velhinho(a). Como você quer ser tratado? Lembra o ditado: “colhe-se do que se planta?”

Choque de gerações

Nas últimas décadas vêm se acentuando cada vez mais a dificuldade da convivência entre os jovens, geração digital e a geração 50, 60 anos mais.

Os jovens cheios de informações, com toda a facilidade de acessar e navegar nas mídias sociais entendem serem muito mais sábios que seus pais e avós. No aspecto de lidar com os equipamentos eletrônicos e, especialmente, navegar na internet, é evidente que tem um domínio incomparável com as dificuldades dos de gerações anteriores. Mas, isso é tudo? Muitos jovens vivem ansiosos e se frustram, muitas vezes por não conseguirem acompanhar tanta agitação.

Os pais e avós, muitas vezes, sentem-se excluídos por não conseguirem acompanhar tanta agitação e tantas informações e, ao mesmo tempo, sua sabedoria adquirida ao longo de algumas décadas, tão valiosa é ignorada pelos jovens.

Cabe, portanto nesse mês de julho, uma grande reflexão sobre, como manter a unidade em meio a tantas diversidades.

A sabedoria está no caminho do meio. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, na praia é que é bom estar. Então, que tal uma boa dose de compreensão e outra boa dose de paciência para que as últimas duas ou três gerações consigam viver em harmonia?

Nada é mais belo e sábio que viver a unidade na diversidade.

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