Mas, para a maioria, todas difíceis de serem aceitas e entendidas, até porque a maioria dos suicidas não têm dificuldades de sobreviver, têm condições materiais normais, em geral.
Assim, a primeira coisa que precisamos compreender é que as razões que levam ao suicídio são razões internas, não externas.
Razões externas podem até contribuir, mas ninguém tira a própria vida se internamente tem uma estrutura que lhe dá suporte diante dos desafios da vida.
A explicação mais plausíveis para compreender as causas que levam ao suicídio é o fato da pessoa ter recebido uma estrutura de personalidade extremamente frágil por ocasião da vida intrauterina e/ou do processo de nascimento.
Normalmente, ocorreu uma séria ameaça à sobrevivência durante a gestação ou processo de nascimento quando houve uma ameaça de aborto – provocado ou espontâneo – ou quase morreu no parto por alguma razão.
A importância da reprogramação mental
Diante de tais ameaças, cria-se no subconsciente do indivíduo uma total falta de perspectiva de vida.
É como se a vida estivesse sempre por um “fio”, desencadeando um profundo processo de depressão que pode levar a pessoa ao extremo de tirar a própria vida.
Deste modo, a grave depressão leva ao desespero e, na intuição de que além daquele corpo possa encontrar vida e felicidade, joga a última cartada tirando a própria vida para, enfim, libertar-se do insuportável sofrimento vivenciado.
No entanto, nós não somos um corpo, somos uma essência que vive naquele corpo por um certo tempo e, depois, como toda matéria finita, morre o corpo e a essência passa a viver noutra dimensão, segundo a crença da maioria das pessoas.
Então, é isso que o suicida faz, paradoxalmente: liberta-se de um sofrimento absolutamente insuportável naquele corpo e vai ao encontro da vida além dele.
O ato de suicidar-se é um ato absolutamente inconsciente.
Assim, no extremo sofrimento e desespero, o consciente perde totalmente a capacidade de preservar a vida e, o subconsciente, buscando o “melhor” para aquele ser, num estado de transe, executa o ato.
Portanto, precisamos compreender a pessoa com ideações suicidas, ajudando-a a buscar razões para viver naquele corpo.
No entanto, se o problema não for resolvido e o suicídio ocorrer, abstenha-se do ato de julgar, condenar, pois ela, conscientemente, não queria morrer. Contudo, o subconsciente tinha razões para que assim fosse.
Texto de Vilson Stolf
Adaptação por Marcela Salomão